Neil Harbisson, você conhece o primeiro ciborgue reconhecido?

Já os vimos em uma infinidade de filmes, sobretudo de ficção, são humanos aprimorados, metade homens e metade máquinas, os chamados ciborgues, capazes de lutar incansavelmente para impedir outras ameaças, no entanto, eles mesmos se convertem em um perigo real para a humanidade. Achávamos que tudo era da imaginação fértil dos autores e roteiristas, mas os ciborgues já estão entre nós, e Neil Harbisson é o melhor exemplo disso, já que ele foi o primeiro ciborgue reconhecido por um governo estadual, neste caso o do Reino Unido, que o considera como tal, desde meados dos anos 2.000.
A história de Harbisson é realmente fascinante e deu origem a muitas especulacões e teorias sobre ele. Na verdade, é um jovem bastante normal, que cresceu com um problema de visão que foi solucionado através da implantação de uma antena na sua cabeça. Ele não a usa de forma casual, mas sim permanentemente, presa ao osso occipital, e com uma conexão que lhe permite atender a chamadas ou ver cores infravermelhas diretamente, sem a necessidade de nenhum tipo de dispositivo extra. É por isso que Harbisson é considerado o primeiro humano aprimorado da História, e se tornou um ativista do movimento ciborgue, incentivando a muios outros a seguirem o seu exemplo.

Neil Harbisson antes de se transformar em ciborgue

O jovem Neil nasceu em Londres, Reino Unido, em 1984. Vindo de uma família irlandesa e espanhola-alemã, ele cresceu na cidade espanhola de Mataró, nos arredores de Barcelona, ​​onde estudou o ensino médio e piano no conservatório. Com 19 anos Harbisson decidiu deixar Mataró para continuar seus estudos em Dublin, Irlanda. Lá ele continuou com os estudos de piano e depois voltou para sua cidade natal, Londres, e se especializou em composição experimental, estudando com alguns dos melhores músicos de vanguarda do mundo. Foi nesse mesmo centro, na Dartington College of Arts, onde ele conheceu Adam Montandon, que seria seu parceiro em sua aventura ciborgue.

Montandon fez uma palestra sobre cibernética a e apresentou vários exemplos significativos de como os sinais podem ser convertidos em estímulos por meio de certos receptores. Harbisson estava muito interessado nisso e propôs a criação de um dispositivo para converter as frequências de cores em sons. O jovem inglês sofria de uma doença que só lhe permitia enxergar em escala de cinza, sem poder captar todas as cores do espectro. Depois que o dispositivo foi criado, Harbisson memorizou os sons de cada cor e finalmente pôde «vê-los» dessa maneira tão especial.

Sua antena ciborgue

A antena que Harbisson usa hoje é parte de um dispositivo criado na época para ajudá-lo a distinguir as cores de uma maneira mais complexa. Em 2004, e depois de verificar se esse dispositivo funcionava bem, Harbisson insistiu em colocá-lo permanentemente em sua cabeça, como parte de seu próprio corpo. Um comitê de bioética rejeitou isso no início, mas depois o jovem procurou alguns médicos capazes de realizarem a operação e, desde então, ele usa a antena,  através da qual pode receber informações na forma de mensagens, vídeos e até ligações, através das conexões que possui graças a esse dispositivo.

Como essa mudança afetou o seu dia a dia?

Obviamente, o fato de carregar uma antena na cabeça e também ser considerado o primeiro ciborgue da história mudou completamente a vida do jovem Neil. Harbisson agora é capaz de «ver» as cores através dos sinais que recebe dessas antenas e até receber todos os tipos de informações diretamente em sua cabeça, incluindo telefonemas, embora não seja algo tão usual quanto possa parecer, pois o dispositivo foi projetado apenas para usá-lo dessa maneira, ou com essa conectividade em situações específicas. Ter essa antena também fez de Harbisson um dos primeiros e mais populares ativistas pró-ciborgues do mundo.

Harbisson terminou seus estudos e se tornou um artista conceitual, especializado em música, criando obras a partir de suas próprias experiências. Graças a isso, e a suas palestras por todo o mundo, ele se tornou uma pessoa tremendamente popular, e sua aparência é claramente impressionante. Em 2011, ele sofreu um ataque em Barcelona, ​​enquanto estava em uma demonstração, os agentes pensaram que sua antena era uma câmera com a qual ele estava gravando, causando assim danos a mesma. Harbisson os denunciou por danos físicos, pois considera que sua antena faz parte do corpo, como pode ser a mão ou o nariz.

Suas obras artísticas

Depois de estudar piano e composição experimental, o jovem britânico tornou-se músico e começou a dar concertos com base em sua própria experiência e a misturar as notas e melodias que ele criou, com apresentações em cores brilhantes. Ele tenta mostrar ao público como ele é capaz de distinguir esses cromatismos, transformando-os em notas musicais e sons através da antena em sua cabeça. Da mesma forma, é o criador do Avigrama, uma instalação curiosa localizada com doze cordas em uma fazenda na qual os pássaros pousam, e que cria uma partitura e uma melodia específica.

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